A face mais visível dessa degradação é a supressão de comboios e a redução de composições obrigando a que muitos dos utentes não tenham lugares sentados disponíveis. As circulações muitas vezes fazem-se mesmo com inaceitáveis superlotações das composições sem respeito pela segurança dos passageiros.
Esta situação é a consequência normal de décadas de políticas de sucessivos governos para o setor ferroviário que foi sendo retalhado para criar oportunidade de negócios que nada tinham a ver com o interesse nacional, com investimentos a serem sucessivamente adiados, com o material circulante a atingir e ultrapassar largamente a sua vida útil, com as infraestruturas a degradarem-se e a aumentarem os riscos para a segurança ferroviária. Por outro lado, os trabalhadores são cada vez menos e a sua idade média cada vez é mais elevada.
O Partido Comunista Português apresentou em março de 2018, na Assembleia da República, uma recomendação ao governo P.S., que veio a ser aprovada em junho, com o voto contra do CDS/PP e abstenção do PSD, no sentido de ser desenvolvido um Plano Nacional de Material Circulante Ferroviário:
- A partir do levantamento de material circulante para a ferrovia nacional, no horizonte dos próximos 15 anos;
- Privilegiando a aquisição de material com a máxima uniformização possível e evitando a multiplicação de séries e equipamentos;
- Procurando no processo produtivo a máxima incorporação nacional, assumindo aqui a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) um papel central;
- Mantendo a manutenção e reparação desse material nas empresas públicas nacionais;
- Envolvendo nesse processo as comissões de trabalhadores das empresas do setor;
- Procedendo ao lançamento imediato dos concursos mais urgentes, e preparando a inscrição no Orçamento de Estado de 2019 da provisão plurianual de investimentos a realizar.
Os utentes do Comboio Regional de Tomar tem manifestado o seu desagrado e protestado contra esta inaceitável situação e devem organizar-se tal como fizeram as populações da linha do Oeste que criaram uma Comissão de Luta (Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste) a qual desencadeou ações junto das suas autarquias, manifestando-se em Lisboa, exigindo ser recebida pela administração da empresa o que já veio a ocorrer. Com esta sua atitude firme na defesa dos seus interesses já obtiveram significativos ganhos para a defesa dos seus direitos e de uns transportes públicos de qualidade.
Comissão Concelhia de Tomar do PCP
Tomar, 31 de outubro de 2018