Camaradas:
Actualmente as vias de comunicação aéreas, ferroviárias e rodoviárias constituem sérios constrangimentos ao desenvolvimento do Distrito de Santarém e mesmo dos concelhos da margem sul do Tejo. Urge a tomada de medidas integradas, racionalizando e optimizando o esforço de investimento necessário. Infelizmente o PNI 2030 não só não as contempla como pode agravar mesmo o serviço ferroviário no distrito ao abandonar a ligação dos Intercidades com paragem em Santarém e no Entroncamento como a DORSA fez notar.
O actual Aeroporto Humberto Delgado está há vários anos a caminho da sua saturação e sem possibilidades de expansão. Na privatização, não revertida, da ANA, a empresa internacional a quem foi concessionada a exploração aeroportuária em Portugal por cinquenta anos, irá recuperar o investimento inicial em menos de dez anos, pelo que Portugal ficará na contingência de perder as receitas aeroportuárias de mais de quarenta anos e, no fim, ficar sem aeroporto.
Em 2015, aquele aeroporto superou os vinte milhões de passageiros; em 2016, ultrapassou os vinte e dois milhões. Esta intensidade de tráfego diminuiu drasticamente com a pandemia e as restrições de circulação. Apesar desse constrangimento ultrapassou os dezoito milhões em 2020. A necessidade de um novo aeroporto internacional é evidente.
Um investimento desta ordem de grandeza e importância nacional deve ser bem reflectido e integrado numa visão estratégica de desenvolvimento de toda a região onde se insere e das infraestruturas complementares consequentes, coerentes com as necessidades actuais e projectadas para o futuro a médio e longo prazo.
Assim, aquando da grande discussão pública em torno da localização do Novo Aeroporto de Lisboa em 2008, através de estudos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, o Campo de Tiro da Força Aérea no concelho de Benavente foi eleito como a hipótese com melhor viabilidade para o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), em detrimento de Alverca, Montijo, Ota e Monte Real.
A decisão de construir o NAL pelo então Governo do PS veio impor um conjunto de condicionalismos ao nível da construção, especialmente nas freguesias de Samora Correia e de Santo Estêvão, que foram aceites pelas populações na expectativa de os prejuízos verificados serem compensados com o incremento na economia local durante e após a construção. É isso que exigimos!
Estudos posteriores relativos ao projecto de implementação vieram demonstrar o interesse da construção do NAL nesta localização em variadas vertentes:
– Impacto ambiental menor e dentro do expectável numa obra desta envergadura e dos parâmetros legais em vigor;
– Possibilidade de alargamento faseado até atingir a dimensão requerida para um grande aeroporto internacional, competitivo a nível peninsular, com capacidade para movimentar todo o tipo de aeronaves, diminuindo o impacto financeiro imediato;
– Complementado com um acesso ferroviário a Lisboa e a Espanha.
E, relativamente a estas vias de comunicação complementares, seria de projectar a continuação da IC32, actual A33, em substituição da EN118 com um traçado alternativo de variante, retirando o trânsito das urbes e ligando a região de Almada a Abrantes. Esta rodovia serviria o NAL, permitindo acesso rodoviário dos passageiros aos concelhos do distrito de Santarém, eliminava um ponto negro da sinistralidade rodoviária que é hoje a EN118, daria um novo alento socioeconómico a toda a região da margem sul do Tejo.
Nos estudos necessários para esta nova realidade de interligação da comunicação aérea com a terrestre, seria de admitir a possibilidade de transformação do aeródromo militar de Tancos, num aeroporto misto, com possibilidades de receber aeronaves comerciais, dando assim um novo contributo para o desenvolvimento turístico dos concelhos a norte do distrito.
Dada necessidade de se construir uma ferrovia para servir o NAL, seria estrategicamente correcto que esse investimento contemplasse uma nova linha ligando os municípios da zona ribeirinha sul do Tejo, de Almada ao Entroncamento, com estação giratória no NAL. Este empreendimento pouco aflorado até hoje, abriria novas potencialidades de desenvolvimento a toda esta região, algumas imprevisíveis mas possibilitando a imaginação e a ousadia dos empresários, das autarquias e das populações assim servidas.
Na reindustrialização do distrito seria de considerar a retomada de Unidades de concepção e fábricas de fabricação de novas alfaias agrícolas como o distrito já teve em tempos, dando resposta às solicitações do sector primário, cujo só não é mais pujante tanto quanto as políticas de submissão à UE, com as quais importa romper, pois impedem o seu normal desenvolvimento em todas as vertentes potenciais.
Um exemplo negativo é o da produção de açúcar a partir da beterraba sacarina, cuja fábrica em Coruche se mantém encerrada por imposição da UE e acatada pelos Governos do Centrão de Negociatas e Interesses escusos. Não obstante a beterraba sacarina portuguesa, mercê do clima e dos terrenos conter um maior teor de sacarina, não a podemos cultivar nem extrair o açúcar por existirem outros com esse produto em excesso. Prejudica-se assim o interesse nacional em detrimento de negociatas de gabinete.
Importaria também incentivos e investimentos públicos na concretização de fileiras de transformação das matérias-primas aqui produzidas pela nossa agricultura, como são exemplos felizes a Sumol/Compal e a Sugal/Idal, mas há potencialidades para se ir mais longe e concretizar a confecção de comida pré-cozinhada para abastecer o aeroporto seja ele construído onde for, pois promoverá um aumento de procura destes produtos.
Viva a XI AORSA!
Viva o PCP!