O PCP entende que a adoção deste Estado de Emergência levou a um ataque brutal e agravamento da exploração dos trabalhadores, bem como restrições no plano dos direitos.
A realidade está à nossa vista com centenas de milhares de despedimentos, mais de um milhão de trabalhadores com cortes de salários, arbitrariedade nos horários e condições de trabalho, apropriação de recursos públicos pelos grupos económicos, a liquidação da atividade de milhares de micro, pequenas e médias empresas (MPME) e pequenos produtores, o condicionamento da atividade produtiva e do escoamento da produção.
No concelho de Coruche, existem dezenas de trabalhadores da empresa ”Sohi Meat Solutions – Distribuição de Carnes, S.A.”, em Santarém, que emprega cerca de 400 trabalhadores, que se deslocam diariamente em transporte providenciado para essa empresa e que, hoje se sabe, até ao dia 24 de Abril, contabilizava supostamente 36 casos confirmados de Covid-19, sendo que já estiveram 120 trabalhadores de quarentena ou à espera de resultados, somente lhes foi dito que só seriam feitos testes caso apresentassem sintomas!
Tem havido uma grande pressão mediática e social, em particular sobre trabalhadores da freguesia do Couço, concelho de Coruche, por haver trabalhadores dessa localidade com diagnóstico positivo, já em isolamento, e outros que se deslocam para continuar a trabalhar.
O PCP acrescenta, ameaças à dignidade, ao direito de reserva da sua situação de saúde e vida familiar e solidariza-se com todos os que estão doentes e os que continuam a ter de trabalhar sem que tenham sido considerados contactos de risco dos colegas que, infelizmente se encontram doentes.
O PCP considera urgente que entidades como a Autoridade para as Condições do Trabalho, não se escudando nos deveres das Autoridades de Saúde, possa fiscalizar as condições de Segurança e Saúde nas instalações da fábrica.
O PCP considera urgente que o município de Coruche dê conhecimento público das exigências que diz ter feito às unidades fabris com supostos focos de contágio e das medidas tomadas e as respostas que obteve. O PCP considera ainda que a divulgação de informação diária relativa à situação epidemiológica por parte de autarquias que compreendem territórios de dimensão e população reduzida devem estar em concordância com as recomendações da Comissão Nacional de Proteção de Dados e adotar medidas que venham a não permitir a identificação de cidadãos ou suas famílias.
O PCP reafirma a sua solidariedade com todos os trabalhadores do concelho de Coruche e, em particular, com aqueles que trabalham nos sectores essenciais, travando com eles a luta pela dignificação das condições de trabalho e pelo direito a todas as medidas de proteção.
O PCP afirma ainda que este surto epidémico veio comprovar o papel do Serviço Nacional de Saúde como o único e poderoso instrumento para salvaguardar o direito à saúde do povo português. Um papel que coloca na ordem do dia o reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde no presente e para o futuro.
Este é um tempo de resistência e de luta e o 1o de Maio é um marco de afirmação e luta. Aqueles que estarão nos locais indicados pela CGTP-IN, respeitando os critérios de proteção e distanciamento sanitário, darão diretamente voz às preocupações e reivindicações dos trabalhadores. Milhões de trabalhadores e reformados associam-se solidariamente a partir dos locais de trabalho e das zonas de residência, dando a resposta que se impõe ao grande capital.
No seguimento do 25 de Abril, o 1o de Maio, a apelo da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional, que 130 anos depois, será, ainda mais este ano, uma importante afirmação da luta pela defesa da saúde e dos direitos dos trabalhadores, pela sua valorização e por um Portugal com futuro. Será uma afirmação dos valores de Abril, da luta pela emancipação dos trabalhadores!
1 de Maio de 2020
A Comissão Concelhia de Coruche do PCP