Tendo em conta que os principais problemas apontados pelos utentes dizem respeito a falta de médicos de família, bem como a médicos de outras especialidades, nomeadamente no Hospital Distrital de Santarém, e que temos vindo a assistir por sua vez ao êxodo de médicos para o privado bem como a concursos de recrutamento que ficam desertos por falta de atractividade das carreiras - isto apesar das vagas abertas serem manifestamente insuficientes - o que se impunha do governo era uma resposta clara no sentido de resolver estas questões indo de encontro às reivindicações dos seus profissionais. É aliás significativo que esta reunião se tenha realizado poucas horas antes do início de uma greve nacional dos médicos, exigindo exactamente melhores condições de trabalho. Ao invés disto, o governo continuou numa posição de quem se desresponsabiliza, atirando para uma reunião em Maio a improvável resposta às preocupações identificadas.

Também do lado da maioria dos autarcas presentes, não podemos deixar de assinalar que os mesmos Partidos, PS e PSD, que quando no governo são os principais responsáveis pela continuada degradação do SNS, venham agora chorar lágrimas de crocodilo manifestando-se supostamente preocupados com a falta de acesso a cuidados de Saúde. Sendo sinceras as preocupações, então impõe-se que os autarcas intensifiquem as reivindicações associando-se às suas populações, que reivindiquem fundos - nomeadamente do PRR - para requalificação e reabertura de extensões de Saúde injustamente encerradas, que rejeitem veementemente a transferência de encargos do poder central para as autarquias também nesta área e que encarem todos os meios ao seu alcance para defenderem de facto o SNS.

O PCP reafirma o seu empenhamento em tudo fazer, na Assembleia da República, nos órgãos autárquicos e fora deles para salvar o SNS, exigindo mais financiamento e valorizando os seus profissionais, bem como sauda todos os trabalhadores e populações em luta por este objectivo.

09 de Março de 2023
O Executivo da DORSA do PCP